terça-feira, 16 de março de 2010

4ª- O Livro

Ao chegar em casa bastante abatido com a trágica notícia da morte do meu amigo, e de como brutalmente ele foi morto, não liguei muito para comida, abri a porta da frente e fui arrastando meus pés ate as escadas, que levavam para meu quarto, a mochila pesada nas costas me fazia ficar pior, ou mais lerdo ainda, passei por toda a casa sem ser notado, subi as escadas vagamente, quando no meio de uma delas, a mais antiga e fora do lugar, ouço ruídos, parecia que a o degrau havia se soltado ou já estava apodrecendo, nem liguei, continuei seguro no corrimão e terminei de subir as escadas circulares. Ao chegar em cima, notei que tudo havia ficado como eu deixei, porta do banheiro aberta e de meu quarto fechada, estranho, minha mãe sempre arrumava o banheiro pela manhã e fechava sua porta, inicialmente percebi que havia algo de diferente acontecendo, o frio de cedo, a morte do Henrry, minha mãe não ter arrumado o banheiro e nem ter me chamado para almoçar. Andei ate a porta do meu quarto que se encontrava fechada, encostei a testa na mesma e derrubei a mochila no chão. Com muita falta de animo, segurei na fechadura e abri a porta, empurrando-a para dentro, adentrei no meu quarto com os olhos fechados, passando por todo o cômodo ate chegar a cama bagunçada de mais cedo, a qual cai e passei alguns minutos ate pegar num sono profundo.

No meu sonho, aparecia uma lua cheia e nuvens passando pela frente , deixando-a coberta, sobre a lua, dava-se para observar uma cruz prateada, a lua com o tempo ia ficando vermelha, um vermelho sangue, parecido com o visto na caixa do Ric, porém mais claro pouca coisa, foi quando consegui me enxergar no sonho, me via parado em cima de uma rocha olhando pra lua aos poucos meus olhos começavam a ficar prateados refletindo a lua vermelha intensamente. Horas se passaram dês que cai na cama e acordei desesperado, me batendo, levantei com pressa e notei que ainda estava com a farda do colegio, olhei pela janela e vi o céu escuro, nuvens cinzas no céu, peguei meu inseparável celular e notei que eram quase 10 da noite, fui andando ate o beco, antes da escada, quando percebi a escuridão em minha casa, desci as escadas uma a uma vagarosamente, sem querer pisar no degrau quebrado, andei ate em baixo, minha mãe por ter o hábito, já deveria está dormindo, pois acorda muito cedo para o trabalho da terça feira. Fui ate a cozinha que se encontrava mais a frente, passei vagarosamente pelas cadeiras e vi através da janela da cozinha a luz da casa dos vizinhos ligada, abri a geladeira e peguei um vazo de leite, coloquei-o sobre a mesa que já estava coberta e peguei um copo na despenca, coloquei leite no copo, sentei-me na bancada e tomei o leite gelado, após uns minutos sentado ali e tomando leite, senti um cheiro forte de vela na parte de cima da casa. Coloquei novamente o vazo de leite dentro da geladeira, golei todo o leite que se encontrava no copo e subi correndo para meu quarto, deixando o copo em cima da mesa, ao subir as escadas em disparada, tropecei novamente no degrau, que se soltou e por sua vez desintegrou-se no ar, fiquei pasmo e o cheiro ainda continuava, porém minha curiosidade bateu forte quando vi um livro preto meio surrado com as paginas amarelas e com símbolos na frente, peguei o livro e corri para meu quarto, ao chegar no mesmo vi velas acesas e um homem encapuzado em pé perto da minha janela.

-Quem é você, e como entrou aqui? –Perguntei , mesmo sem querer saber as respostas. O homem encapuzado, levantou a cabeça, então a luz das velas o iluminou e pude ver pouco do seu rosto, um homem de barba curta com olhos prateados que brilhavam, sua capa preta me deixava cada vez mais tenso, então o homem disse:

-Vejo que você já o encontrou! Leia-o atentamente e decifre cada parágrafo, espere por mim daqui a treze dias aqui mesmo no seu quarto, sua mão não deve saber da nossa conversa nem de mim, está ouvindo? –Fiquei um pouco mais aliviado, pois parecia que ele já iria embora, porem não havia me respondido nada.

-Leia-o e daqui a treze dias tirarei todas suas duvidas, tenho que ir Lucius! –O homem saiu pela janela como se fosse um vulto, apagando com sua saída todas as velas negras que se encontravam no meu quarto. Fiquei paralisado, com o livro na mão olhando para a escuridão do quarto, vendo apenas a janela aberta e as cortinas balançando com a fria brisa que adentrava ao meu quarto. Logo ascendi a luz do quarto, e me dirigi a minha cama, sentei e procurei algo de diferente, logo encontrei um colar, uma espécie de amuleto, meio esverdeado, em forma de lua, uma meia lua esverdeada e a outra meia lua prateada. Peguei o amuleto e fui para o banheiro, ainda sem desgrudar o tal livro, andei pelo corredor ainda muito distraído e aéreo, sem notar que a porta do banheiro estava fechada, fazendo bater de cara com ela, despertei depois da batida com a porta e pude abri-la, adentrei o banheiro, voltei a fechar a porta, trancando-a por dentro, sentei-me no vazo e comecei a pensar comigo. “Quem era ele? O que ele queria? Por que treze dias?Como ele sabe do livro?Como entrou no meu quarto?”. Milhões de outras perguntas se passaram por minha cabeça naquele instante, porém o que mais me incomodava era o meu próprio fedor, de remédio e de sangue, que havia derramado no colegio, tirei minha camisa ainda sentado, pondo o amuleto e o livro em cima da cômoda do banheiro, joguei minha camisa no chão e levantei-me ainda com o banheiro escuro, meti o dedo no interruptor, fazendo a luz demorar alguns instantes e ligar então logo de cara, vi pelo espelho da porta que refletia no espelho que ficava em cima da pia, minhas costas ainda manchadas pela lua negra, notei que estava maior, pouca coisa mais estava. Tirei o resto da minha roupa e entrei na banheira branca, abrindo a água, esperando-a encher com sua água quente fervente.

Após o banho fui para o fator que mais me intrigava, “O que um livro fazia dentro de uma escada, mais precisamente, dentro de um degrau de MINHA casa. E como “ELE” sabia do tal livro?”, milhões de perguntas passaram pela minha cabeça naquele instante e com o passar do tempo,adormeci.

Nenhum comentário:

Postar um comentário