terça-feira, 9 de março de 2010

3º- A aula

Ao chegar a porta da sala, notei que a sala estava meio que barulhenta, certamente sem algum professor ou tutor na sala.Segurei a maçaneta da porta e a empurrei, sentindo o frio vindo da sala, a Gio quando acabara de me ver, vinha correndo do fundo da sala, desviando das mochilas esparramadas no chão, veio ate mim e em abraçou. A sala continuava sem notar minha presença.

-Como você está Lu? O que aconteceu? –Perguntou a Gio ainda ofegante.

-Er.. estou ótimo! Nada, nada de mais, não se preocupe. –Respondi ligeiramente para a Gio. A abracei e me dirigi para meu lugar na sala que ainda não estava vago. Passando pela sala notei que tudo parecia normal, garotos falando sobre futebol e o time que venceu, garotas falando sobre futuros namorados, horóscopo e filmes, e os nerds sentados nas primeiras filas olhando atentamente para o quadro que acabara de ser apagado pelo Fernando. Fernando era um dos meus melhores amigos, super legal comigo, extrovertido, porém não ligava muito para nada, vivia dormindo durante as aulas e perturbando os nerds, ele gostava de ficar sempre na dele, descansando sempre que podia, e se esquecendo dos problemas futuros, algumas garotas o amavam por ser “lindo”, nunca vi nada de mais nele, porém ele sempre ficava bem acompanhado por lindas garotas, amigas, as quais sempre quiseram ficar com ele. Fazer o que? A vida é injusta, em quanto uns tem tudo como ele, eu não tenho nada, porém não tenho raiva dele, eu so o cara mais chato do mundo, não gosto de festas, prefiro ficar em casa, não sou muito vaidoso e vivo com o cabelo despenteado.

-Heeeeeeey cara, fiquei sabendo que você caiu de bêbado na escada, é serio? –Perguntou o Fernando segurando no meu ombro, me puxando para traz.

-Sim, so que não foi de bêbado, me senti mal e desmaiei . –Respondi o Nando, virando-me para ele.

-Psiu! Ta gato hoje hein Lu! –Sorriu o Nando, brincando comigo, saindo de perto e indo falar com as garotas , como sempre fazia toda as manhãs.

-Você ta mais ainda Nandocas! –Sorri e fui para meu lugar.
Virado de costas para o quadro e para a porta de entrada da sala, coloquei minha mochila no chão e comecei a arrumar meu material sobre a mesa, quando percebi que a sala havia se aquietado instantaneamente, todos já estavam sentados e eu não havia notado a presença irritante da Diretora Neona dentro da sala.

-Sente-se seu moleque idioooota!! –Disse a velha quase se babando, batendo em sua mão uma régua de ferro, o que deixava os alunos temerosos diante ela. Me sentei sem responder e abaixei a cabeça temendo ser repreendido com mais algo.

-Este é seu novo professor de Matemática, Sr. Edward Driver! –Disse a velha agora com um tom harmonioso chamando o professor para dentro da sala. Tornei a abaixar a cabeça, sem querer ver o novo professor. Quando adentra a sala aquele homem, alto, magro, pálido, com olhos azuis, barba mal feita e cabelo negro, so que agora, vestido com rouba social bastante Cortez.

-Bom dia a todos, sou o seu novo professor de Matemática, Prof. Edward Driver, mais podem me chamar apenas de Ed ou mesmo de Professor! –Disse o professor com um tom meio engraçado.

Quando o vi, comecei a ficar ainda mais temeroso com o que poderia acontecer comigo, minhas mãos começaram a suar, fiquei pálido, não estava me sentindo bem, quando o professor se aproxima de mim, perguntando:

-Você esta bem?Está acontecendo algo de errado? –Disse ele com a cara mais sínica do mundo. Na hora deu vontade de dizer “Sim tem tudo de errado, quem é você? Porque está me perseguindo? O que foi aquilo ontem? O que você é?”. Porém não era hora nem lugar de falar tantas coisas reveladoras assim. Me acalmei e respondi calmamente:

-Não, está tudo ótimo! –Disse eu segurando minhas mãos para que não as tremesse. Ele se inclinou mais e parou perto do meu ouvido direito, falou baixo no meu ouvido:

-Tem certeza...Filhote? –Sorriu o Edward, levantando-se e me deixando mais apavorado que antes. O que ele é capaz de fazer? Porque está fazendo isso? O que ele é? Milhões de perguntas vieram a minha cabeça naquele momento. Não sei se agüentaria toda aquela trama nas aulas, ainda seis meses de aula aturando um “desconhecido”, algo que não sei o que era. Pra piorar, meu amigo morto.
Esperei ate ele terminar a chamada e começar a dar a aula, no meio da aula comecei a lançar perguntas indiretas para ele, para saber algo da sua vida:

-Professor, de onde você é? –Perguntei

-Sim, ah.. sou da Sibéria. – Responde o professor imediatamente.

-Professor, quantos anos você tem? –Perguntei novamente

-Tenho,... Trinta e dois. Sem querer ser indelicado mas, por favor não me interrompa, Lucius não é? –Respondeu o professor, fazendo-me uma pergunta nada reveladora

-Sim, me desculpe então professor. – Me redimi e deitei sobre a mesa. Tentando anexar alguma coisa que já havia descoberto.

-Lucius de que? Poderia me responder? –Perguntou o professor no meio da explicação

-Lucius Banket.. Lupinus! –Assim que terminei de falar o professor encostou no quadro olhando para mim diretamente.

-O encontrei, o encontrei –Disse o professor em voz baixa, porém como sou ótimo em leitura labial, consegui saber o que ele dizia.

-Professor, posso ir ao banheiro? –Perguntei

-Sim sim, vá! –Disse o professor sem tirar os olhos de mim. Assim que sai da sala, fui atrás do meu 2º professor predileto, Ricardo, professor de Historia. Por sorte o Ric não estava em aula e me atendeu rapidamente.

-Ric, você sabe como o Henrry morreu? –Perguntei com lagrimas nos olhos, porém com uma curiosidade enorme

-Sim, sente-se que vou lhe contar! –Respondeu o Ric dando um gole em um copo com agua e apontando para uma poltrona vermelha, parecia ser nova, pois nunca tinha visto ela na sala dos professores. Sentei-me na poltrona, esperando ouvir a historia.

-O Henrry era muito amigo do seu pai, quando ambos eram jovens. Por isso ele teve uma grande aliança com você. Mais isso não vem ao caso, na noite que o Henrry morreu, ele recebeu uma ligação em seu apartamento, e dizem que horas depois ele foi encontrado morto em cima da cama com as vísceras arrancadas e destroçadas e marcas de garras e presas, também foi encontrado no lugar uma espécie de pelo negro, parecido com o de um cachorro, lobo, algo assim. Você tem que ser forte, sei que vocês dois tinham muito em comum, e se gostavam bastante.

-Muito obrigado! –Agradeci e levantei-me

-Calma! Uma semana antes do acontecido, ele havia me entregue uma chave, e disse para que se algo acontecesse com ele pra entregar pra você. Parecia ate que ele já sabia do que iria acontecer.

–Disse o Ric com a mão em meu ombro.

-Espere so um momento que vou pegar. –Disse o Ric andando para o seu armário, e pegando algo dentro de uma caixa de madeira, a caixa parecia uma caixa de charutos, porém com nomes diferentes e escritos com uma cor escura, um vermelho talvez.

-Pronto, aqui está. –Disse o Ric erguendo a mão e me entregando a chave. Ao pegar a chave em sua mão, notei que havia uns cortes no seu punho, para não ser indelicado, apenas peguei a chave de suas mãos suadas e sai da sala, sem dizer mais nenhuma palavra.

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