quinta-feira, 1 de abril de 2010

6º - A escolha. 1ª Parte

A tal besta corria ferozmente para cima do garoto que não se movia, arregalei meus olhos para tentar ver algo, porém não dava para ver quase nada com tanta poeira.

A besta avançou e pulou para cima do garoto, que sumira instantaneamente e aparecera do outro lado da fera, parado em cima de um ferro que ficavam as bandeiras.

-Nunca irá me vencer com tão pouco, e além do mais, um mero Lobisomem nunca ira vencer um Vampiro da família real! –Disse o Sammy, virando vagarosamente para o tal Lobisomem.

Uma voz meio distorcida, parecia um gruído, vinda do lobisomem dizia:

-Vocês vampiros, sempre nos desprezando, porém com quem está...

O lobisomem sumira como num piscar de olhos e aparecia atrás do garoto, com uma das patas a cima, como se fosse o atacar com suas enormes garras afiadas. O garoto ficou perplexo diante a situação. O golpe do lobisomem foi tão certeiro que o Sammy caia no chão todo ensangüentado.

-Ora ora, não é que vocês batem forte. –Disse o Sammy, sentando-se e já se recompondo. Estalou o pescoço para ambos os lados e correu para cima do lobisomem. Com seus braços recuados em forma de V, ao chegar perto da criatura, parou e voltou seus braços contra ele, que voou alguns metros, batendo numa das paredes do local. O lobisomem levantou-se, agachou e correu em direção ao garoto. Sammy então correra como nunca, fazendo varias curvas e adentrando na quadra central, com o lobisomem a sua cola. A poeira já estava mais baixa e eu já poderia enxergar as coisas que estavam acontecendo, quando os dois param e começam a se golpear bruscamente sem notar que estavam sendo feridos, algumas jorradas de sangue eram tão fortes que pegavam em mim, melando minha face, ate mesmo quase a 500m de distancia. Foi quando o Sammy deu um salto para traz e correu mancando, deixando um forte rastro de sangue. Deu um salto que passou do colegio, já sumindo. O lobisomem começou a se destransformar, dando forma ao Professor Edward, que caia ensangüentado no chão. Corri para ajudá-lo, e o vi deitado numa poça de sangue negro e apenas com sua calça bastante rasgada.

-O.. o que você faz aqui? –Disse o Edward com uma voz fraca e seus olhos quase se fechando

-Eu vi tudo professor, e quero saber a verdade. –Porém na hora não liguei para nada e sim para ajudá-lo. Peguei o Edward sobre meus ombros e o arrastei vagarosamente ate a enfermaria, ele tinha ferimentos em todo o corpo, dês das pernas ate no rosto, havia um deles no tórax que não cessava, deixando-me mais preocupado.

-É Lucius, você ia acabar descobrindo mais cedo ou mais tarde. Certamente um deles iria te visitar, como um dos SC. –Disse o Edward, com um sorriso besta na cara.

-SC? E pare de falar professor, precisa guardar suas energias.

-Sim, SC. São os Silver Cross, um grupo de caçadores de vampiros e lobisomens, criado pela igreja católica a centenas de anos. Quer saber de tudo não é Lucius? Quer saber como realmente seu pai foi?

Fiquei perplexo diante as perguntas dele, paralisei na hora que ele disse sobre o meu pai, porém não tinha como não responder a tais perguntas.

-Sim, conte-me tudo!

Então o Edward segurou em meu ombro e ficou de pé na minha frente e disse:

-Não haverá aula amanha graças ao incidente, antes que a policia adentre a SC irá vim inspecionar tudo, vá para casa e amanha as 22:35 vá para a rua String Rain e entre na casa nº 35.

-Ok, estarei la! Percebi um vulto nas minhas costas e virei para vê-lo, ao voltar o Edward não estava mais lá. Voltei para onde estava meu material, peguei-o e sai pelos fundos.

Ao sair do colégio, olhei para o céu e vi alguns rastros negros no céu que rapidamente desapareceram. Será que poderia ser a tal SC? Melhor receber as explicações depois, agora tinha que me importar em me livrar das roupas ensangüentadas. Não havia ninguém naquela rua, totalmente deserta, tirei minha camisa, limpei meu rosto que estava melado de sangue e joguei-a perto do colegio, peguei minha jaqueta e pus, fechando-a ate em cima, aproveitei o clima frio para tirar como desculpa de estar com a tal jaqueta. A camisa era velha mesmo, não iria me importar em perder uma camisa de colegio, ainda mais que eu tina outras e minha mãe não daria falta de algo tão insignificante.

Uma coisa ainda me atormentava, na noite que o Edward apareceu para mim pela primeira vez, eu morri de medo. Da segunda vez que o vi na sala eu desmaiei, e agora? Porque eu fui ajudá-lo já que ele havia me passado tanto medo? Será que ele iria poder me responder isto?

Pensei duas vezes antes de ir pra casa, será que teria paz por alguns instantes la? Podendo refletir e pensar no ocorrido, ou melhor ir numa biblioteca e ler o livro encontrado na escada? Achei a opção dois mais adequada ao caso, tendo uma mínima ajuda com o livro e na conversa com Edward poderia, ou não, está mais a dentro do assunto.

Andei calmamente pela rua deserta e neblinada, em direção a biblioteca, sem deixar de notar alguns rastros de sangue nas paredes das casas. Nas mesmas haviam marcas de garras, certamente o Edward passara por ali.

Ao chegar a porta antiga e encumpinzada da biblioteca deu-me uma vontade de voltar, porém a curiosidade era o meu fraco, e eu tinha certeza que morreria um dia por causa dela. Segurei firmemente a porta, deixando que algumas gotas de suor de minha mão caíssem sobre a mesma. E a empurrei, a porta fazia um gruído quando se abria, ate tocar no pequeno sino que ficava logo a cima da porta, alertando a bibliotecária de que alguém viria. Entrei na biblioteca, soltando a porta que voltava sozinha devido ao aparelho que havia nela, dei cinco passos ate o balcão marrom envernizado e olhei fixamente para a mulher que estava atrás dele. A mulher não era de se jogar fora, muito linda, com olhos cor de mel, cabelos negros e rosto branco, parecia ter uma pele macia. E o seu pescoço, seu pescoço parecia ser tão suculento, comecei a abrir a boca devagar, porém não tirava os olhos do seu pescoço, não sabia o que estava realmente acontecendo comigo, não era eu mesmo, ate que ela disse olhando para mim:

-Bom dia, o que deseja?

-Err.. seu pesco...-Foi quando me toquei do que estava falando –Me desculpe, é gostaria de saber onde posso sentar para ler um livro? –Disse eu com a maior cara sem graça

-Ali perto do bebedouro. –Apontou a mulher com sua mão delicada e suas unhas pintadas de vermelho sangue. Ela possuía um crachá com seu nome “Michele”, bonito nome.

-Obrigado Michele. –Sorri e fui para o lugar apontado. Andei por quase trinta segundos, passando pelas prateleiras lotadas de livros antigos empoeirados. Pequenos feixos de luz passavam pela janela mostrando minúsculos pozinhos que ficavam no ar. Passei pela janela e me encostei no bebedouro que me parecia novo, ao me abaixar para beber água não pude deixar de notar que a tal garota não parava de olhar para mim, sorri como um besta ainda tomando água, fazendo com que eu me molhasse todo. Ela riu, será que poderia ser algo bom? Porém sou muito tímido de ir falar mais algo com ela, sentei-me num dos bancos individuais que havia perto da mesa e coloquei meu livro sobre a mesma, abrindo suas paginas amarelas e respirando fundo, pensando no que poderia vir de agora em diante.